“O Jornalismo é talvez a única profissão em que somos testados diariamente, a cada instante. O jornalista tem por obrigação ser inteligente durante pelo menos o seu horário profissional”. Lago Burnett.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Jornalismo de Revista - Histórico

Uma revista é um veículo de comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma mistura de jornalismo e entretenimento. “É uma história de amor com o leitor”. Juan Cano.
Revista é um encontro entre editor e leitor. Aliás, quem define o que é uma revista é o leitor. Ele é o termômetro. Será melhor, a revista (ou veículo de comunicação) que melhor der uma notícia. Nunca quem a transmitir primeiro.

Enquanto os jornais nascem com a marca “explícita” da política, do engajamento definido, as revistas complementam a educação, no aprofundamento dos assuntos, na segmentação, no serviço utilitário que podem oferecer aos leitores. Revista une e funde entretenimento, educação, serviço e interpretação dos acontecimentos.

A segmentação por assunto e tipo de público é a essência da revista, ao contrário dos jornais. A revista conhece o rosto do leitor, fala com ele diretamente, trata-o por “você”. É um veículo de comunicação de massa. Mas não muito. Nasceram monotemáticas. Mudaram com o passar dos anos.

HISTÓRICO MUNDIAL

1663 – Alemanha – Erbauliche Monaths-Unterredungen (Edificantes Discussões Mensais)

1665 - França – Journal des Savants

1668 – Itália – Giornali dei Litterati

1680 – Inglaterra – Mercurius Librarius

1693 – França – Mercúrio das Senhoras – a primeira revista feminina

Até praticamente 1700, as publicações lembravam mais os livros do que as revistas como as “percebemos” hoje. A missão de todas elas era destinar-se a públicos específicos e aprofundar assuntos.

Em 1704, o termo revista passa a ser mais usado.

1731 – Inglaterra – The Gentleman’s Magazine (mais parecida com as revistas que conhecemos hoje). Reunia vários assuntos, apresentando-os de forma leve e agradável. Foi inspirada nos grandes magazines, daí que o termo passou a ser usado.

1741 – Estados Unidos – American Magazine e General Magazine

1749 – Inglaterra – Ladies Magazine

Até o final do século 18, centenas de publicações surgiram. E elas apareceram à medida que o analfabetismo diminuía e os países se desenvolviam econômica e tecnologicamente.

No século 19, a revista ganhou espaço, virou e ditou moda. Ela passou a ocupar espaço entre o livro (objeto sacralizado) e o jornal diário. Tomaram para si um papel importante para complementar a educação, relacionando-se entre a ciência e a cultura.

1840 – EUA – Scientific American

1842 – Inglaterra – Illustrated London News – 16 páginas de texto e 32 de gravuras que reproduziam acontecimentos da época.

1890 – EUA – National Geographic Magazine

1922 – EUA – Dewitt Wallace e a mulher dele, Lilá Acheson Wallace, criaram a Reader’s Digest. Condensava artigos editados em outras revistas e jornais e oferecia uma variedade de assuntos até então não encontrada em outro veículo. Tinha que oferecer leitura agradável, linguagem acessível, tom otimista. Deveria vender o sonho e ideologia dos EUA. Entre 1940 e 1950 vendeu 50 milhões de exemplares. A edição em português saiu em 1942 e vendia 500 mil exemplares.

1923 – EUA – Time – a primeira revista semanal de notícias. Fundada por Briton Hadden e Henry Luce. A proposta é trazer notícias da semana organizadas em seções, narradas de maneira concisa e sistemática. A idéia é não deixar homens ocupados perderem tempo na hora de consumir informação.

1936 – EUA – Henry Luce funda também a Life, agora mais ilustrada. Revista valorizava a reportagem fotográfica. Foi copiada da francesa Match. Depois da Segunda Guerra Mundial passou a se chamar Paris Match e é uma das mais vendidas até hoje. Na Alemanha, até hoje, a Stern é a mais vendida também.

1945 – França – Hélène Gordon-Lazareff cria a Elle, revista feminina semanal. Considerada revolucionária. Hoje é licenciada para 16 países.

1953 – EUA (Chicago) – Hugh Hefner criou a Playboy. A proposta era misturar a sofisticação da Esquire (que tinha bom jornalismo, boa ficção, humor requintado, moda bebida e gastronomia), com as garotas nuas. Hoje tem 18 licenças internacionais.

1962 – EUA – Helen Gurley Brown (secretária) escreveu o livro Sex and the Single Girl, que deu origem à Cosmopolitan. Falava de independência, carreira, relacionamentos e SEXO. É editada em 48 países, 25 idiomas. No Brasil é a Nova.

CRONOLOGIA NO BRASIL

1812 – Salvador (BA) – As Variedades (ou Ensaios de Literatura). Com cara e jeito de livro, trazia discursos sobre costumes e virtudes morais e sociais.

1813 – Rio de Janeiro (RJ) – O Patriota, que contava com a elite cultural da época como colaboradores.

1822 – Rio de Janeiro (RJ) – Anais Fluminenses de Ciências, Artes e Literatura.

1827 – Rio de Janeiro (RJ) – O Propagador das Ciências Médicas – revista segmentada (medicina). Considerada a primeira revista especializada.

1827 – Espelho Diamantino – a primeira revista feminina. Todas as revistas tinham vida curta, por falta de assinantes e recursos. Algumas com baixíssimas tiragens (duas, três no máximo).

1837 – Museu Universal – Trazia ilustrações, textos leves e acessíveis. Adequada para quem estava se alfabetizando. Uma cópia dos magazines europeus. Na mesma linha, surgiram Gabinete da Leitura, Ostensor Brasileiro, Museu Pitoresco, Histórico e Literário, Ilustração Brasileira, O Brasil Ilustrado e Universo Ilustrado.

1849 – A Marmota na Corte – começa a era das revistas de variedades, que abusam das ilustrações, textos curtos e humor. O Rio de Janeiro possuía o maior parque gráfico do país.

1898 – Rio Nu – revista masculina com notas políticas e sociais, piadas e contos picantes, caricatura, desenhos e fotos eróticas.

1900 – Revista da Semana – especializada em reconstituições de crimes em estúdios fotográficos.

1905 – Tico-tico – primeira a publicar histórias em quadrinhos.

1911 – Revista de Automóveis

1915 – Aerofólios – sobre aviões

1922 – Klaxon – criada por um grupo de intelectuais – foi um dos muitos títulos – surgidos na Semana de Arte Moderna. A Maçã

1928 – O Cruzeiro – um dos maiores fenômenos editoriais brasileiros, criada por Assis Chateaubriand. Estabelece uma nova linguagem, publicando grandes reportagens, com atenção especial ao fotojornalismo. Vendeu 700 mil exemplares semanais na década de 1950. É fechada na década de 70.

1950 – Surge a Editora Abril, criada por Victor Civita, um italiano que teve passagem pelos Estados Unidos e se mudou para o Brasil. O primeiro título da editora foi o Pato Donald.

1952 – Manchete – surge colada no sucesso de O Cruzeiro, valoriza ainda mais as fotografias e ilustrações. Dura até 1990.

1966 – Editora Abril – Realidade – fechou em 1976, uma das mais conceituadas revistas brasileiras. Investia muito nas grandes reportagens investigativas.

1968 – Veja – Inspirada na Time, demorou sete anos para lutar contra os prejuízos, a ditadura e censura militar até acertar a fórmula. As assinaturas começam em 1971. Hoje tem tiragem de 1,2 milhão de exemplares semanais. Oitenta por cento é assinatura. Hoje é a quarta revista de informação mais vendida do mundo, atrás das norte-americanas Time, Newsweek e US News & World Report. A Visão surgiu em 1952, e era concorrente da Veja, com foco na semana e também nos negócios. Depois vieram a Isto É e Senhor, Afinal e Época.

Na década de 60 surgem as revistas técnicas, voltadas para o desenvolvimento econômico-industrial. Dirigente Rural, Transporte Moderno, Máquinas e Metais, Química e Derivados. A Exame surge em 1971 e se transforma na revista de negócios mais vendida do Brasil.

A Senhor, criada por Nahum Sirotsky, surgiu em 1959, reuniu o que havia de melhor no jornalismo, design, humor e literatura. Durou quatro anos, até 1963.

O Bondinho, experiência bem sucedida durante os anos de 1970-1972, criada pelo grupo Pão de Açúcar. Foi para as bancas em 1971, focada no público jovem e no comportamento. Falava de liberação sexual, medicina alternativa, música. Tinha diagramação criativa e experimental. Foi retirada das bancas algumas vezes por subversão da ordem.

Na década de 60 surgem os títulos de Ziraldo (Pererê) e Maurício de Souza (Cascão, Mônica e Cebolinha).

Em 1960 é lançada a Quatro Rodas.

Em 1959 surge a Manequim, primeira revista de modas do Brasil. Trazia moldes para as mulheres fazerem
as roupas em casa.

A revista Claudia surgiu em 1961. Setor de eletrodomésticos estava em expansão. Tinha fotonovelas, artigos sobre moda, beleza, receitas, decoração. Surge com ela a produção de fotografias de moda, culinária, beleza e decoração. A partir de 1963, a jornalista Carmem da Silva cria o que podemos chamar de jornalismo feminino. Publicava uma coluna “A Arte de ser Mulher”, onde tocava em temas como solidão, machismo, alienação das mulheres, problemas sexuais e trabalho feminino.

Nova e Mais surgem na década de 70, no embalo do início da emancipação feminina. Hoje representa a maior fatia do mercado de revistas.

1966 – Fairplay – dura pouco por causa da censura. Tinha mulheres nuas.

1969 – Ele e Ela – lançada pela Editora Bloch, trazia reportagens ligadas à relação homem-mulher. Chegou a vender 700 mil exemplares.

1970 – Lançada a Placar.

1975 – Surge a Homem, que passa a ser a Playboy anos depois.

1975 – Brasil Surf.

A partir da década de 80, surgem as revistas Saúde, Boa Forma, Corpo a Corpo, Plástica e Dieta.

1998 – A Editora Globo lança a revista Época.

Hoje no Brasil são vendidos 600 milhões de exemplares por ano. No mundo, 6 bilhões.

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